Blackpink: Light Up The Sky - os bastidores de um dos maiores girlgroups da música
Curiosa a respeito do novo documentário da Netflix sobre o Blackpink, o girlgroup sul-coreano já reconhecido atualmente como o maior e mais relevante grupo feminino (e provavelmente não só da música coreana), denominado Blackpink: Light Up The Sky, decidi pegar pra assistir ontem pra poder contar um pouco sobre ele aqui no blog e trazer minhas impressões e reflexões.

Graças à essa narrativa documental, onde vemos bastidores de gravações em estúdios e de shows, filmagens antigas das integrantes quando eram novinhas ou na época em que ainda eram trainees, e também as próprias artistas conversando com o espectador, relatando momentos de alegria e inseguranças, traz uma ligeira sensação de aproximação dessas meninas tão jovens, mas tão gigantes, tornando-se um pouquinho menos distantes e mais humanas pra tantas pessoas que só as veem superficialmente através de telas ou a alguns metros de um palco.
Então foi natural que eu passasse a simpatizar um pouco mais com Jisoo, Rosé, Lisa e Jennie após assistir seus depoimentos mais intimistas, onde falam um pouco sobre suas vidas pessoais antes da fama (algumas delas já possuíam tendências musicais desde a infância), como chegaram à audição que as permitiram entrar para a YG Entertainment e, então, contando um pouco sobre seus anos de trabalho árduo como trainees até consequentemente chegarem ao grande momento que debutaram juntas, além de muitas conquistas significativas que se seguiram após o hit que o grupo se tornou desde o momento que estrearam.
Além de falarem sobre os momentos positivos que essa nova vida como grandes personalidades do mundo da música as proporcionou, o documentário também abre um pouco de espaço pra vulnerabilidade e alguns desabafos a respeito do período difícil desde o instante em que foram aceitas na agência e percorreram o caminho até a realização do sonho em comum de debutarem: a separação da família e partida precoce de casa – algumas delas pra um país desconhecido (Rosé nasceu na Nova Zelândia, Lisa é da Tailândia e Jennie, apesar de ter nascido na Coreia do Sul, morou por muitos anos na Nova Zelândia também) –, os longos anos de treino durante horas todos os dias, por semanas seguidas e com folgas curtas demais pra tamanho desgaste e esforço, e os comentários pouco animadores de produtores que as assistiam e analisavam mensalmente e a pressão que sentiam ao verem outras companheiras trainees serem reprovadas em avaliações, provavelmente se perguntando se elas seriam as próximas e seus objetivos teriam um fim forçado, mesmo após tanto trabalho.
A questão de como o mercado de idols sul-coreano funciona gera um debate constante sobre como é intensa e muitas vezes desumana a maneira como exigem de meninos e meninas tão jovens a disposição pra tanto treinamento e também pra persistirem em um propósito (isto é, estrearem) que não é uma garantia. Como se ouve dizer pela internet, e como é mencionado no documentário, há artistas que debutam após meses de treinamento, enquanto alguns levam anos, e outros às vezes nem chegam a estrear, independente de seu esforço e do tempo.
O modo um tanto desequilibrada como as coisas funcionam por lá já tem muito tempo, e mesmo que isso tudo seja muito questionado, e apesar de algumas mudanças já terem ocorrido, ainda há muito chão pela frente. Mas uma coisa importante de se destacar quando falamos sobre isso é que muitas pessoas parecem se aproveitar desse assunto pra atacar o k-pop de modo generalizado, como uma maneira, eu observo, de tentar justificar a aversão e o preconceito que sentem em relação à música coreana, quase como se esquecessem de propósito que existem problemáticas igualmente nocivas pelo mundo do entretenimento em diversos outros países. As estrelas da música norte-americana são grandes exemplos, e não é segredo pra ninguém a quantidade de pessoas que tiveram crises, surtos e que sucumbiram à bebida, drogas ou até chegaram a morrer em decorrência de problemas psicológicos causados pelas pressões da fama.
O que quero deixar claro é que não adianta querer comparar um país com o outro como se fosse uma competição pra ver qual é o pior ou o menos pior, como se isso validasse um mais do que o outro. Os abusos tem que parar em TODOS os mercados, em toda parte do mundo, e ponto final. E a voz do público, dos fãs, tem poder para pressionar as agências a melhorarem o tratamento de seus artistas, mesmo que não por livre e espontânea vontade, e também devem ser usadas não para atacar gratuitamente e destruir a saúde psicológica desses idols, mesmo se for um que você não gosta. Ela deve ser usada pra dar força a esses artistas que tanto admiram e que, independente se demonstram grande confiança em shows, programas de tv ou afins, são seres humanos tão vulneráveis quanto nós, pessoas comuns.
Após terem passado por tantas incertezas enquanto eram trainees ou mesmo após debutarem, Blackpink claramente colhe muitos frutos, ainda que tenha apenas 4 jovens anos de existência, e isso é evidente mesmo pra aqueles que não são fãs assíduos do girlgroup, como eu. Blackpink se tornou um nome gigante em todo o mundo, com ainda mais força que grupos mais antigos que, ninguém pode se esquecer (e o documentário também faz questão de mostrar isso com imagens e filmagens de grupos veteranos que foram importantíssimos pra popularização da música coreana nos anos 90 e 2000), ajudaram a pavimentar o caminho pra esses novos grupos poderem ter o reconhecimento e visibilidade menos dificultosos e ainda mais potentes nos dias de hoje.

Elas carregam muitas conquistas no currículo: a vitória em um programa músical (Inkigayo, um dos mais relevantes da Coreia do Sul) apenas 13 dias após sua estreia, quebrando o recorde de menor tempo em que um grupo feminino venceu um programa de música após o debut, o primeiro grupo coreano com dois videoclipes com mais de 1 bilhão de views no Youtube, um deles sendo o clipe de um grupo coreano mais visto na plataforma, primeiro grupo de K-pop a se apresentar no festival norte-americano Coachella, uma turnê mundial de peso, realizando shows por países da Ásia, América do Norte, Europa e Oceania, e mais uma lista imensa de êxitos e recordes, tudo isso mesmo tendo apenas alguns singles e EPs lançados até pouco tempo.
O primeiro álbum completo do grupo, denominado "The Album", foi lançado recentemente, dia 2 de outubro, e também já é um sucesso de vendas e streams pelo mundo. E outro ponto importante sempre pertinente de ser relembrado: não é só porque Blackpink e outros grupos coreanos estão ganhando cada dia mais reconhecimento aqui no ocidente é que eles se tornaram relevantes. Mesmo se o sucesso estivesse mais concentrado na Coreia e nos outros países ao redor, eles já seriam grandes. A Ásia é um mercado muito autossuficiente e é importante muitos de nós desapegarmos dessa visão que só quem chega ao ocidente, ou mais especificamente à América do Norte, é que "chegou lá".
Sem querer parecer que estou enaltecendo exageradamente, só quero destacar a grande importância de Blackpink pra disseminação da música coreana e que essas quatro jovens inegavelmente entraram pra história. Pra mim, que não conhecia muito sobre todas as integrantes e o grupo, o documentário foi uma ótima síntese da vida dessas mulheres como artistas que se tornaram um grande símbolo. Tendo 1h20 e, além de ter sido também mais um marco pra elas – ter um documentário próprio numa plataforma de stream gigante como a Netflix –, acredito que foi tempo suficiente pra encher o coração dos fãs, nos apresentar um pouco de tudo que o grupo se tornou, nos relembrar que elas ainda têm muito mais pra mostrar e reforçar a razão fundamental que fez o destino (e a YG) unir cada uma dessas meninas de origens e lugares tão variados nesse titã que é o Blackpink: sua paixão por cantar, dançar, performar e essencialmente pela música.
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