Resenha: O Oráculo Oculto, Rick Riordan (As Provações de Apolo, Vol. 1)

Capa do livro "As Provações de Apolo" de Rick Riordan
 
“Como você pune um deus imortal? Transformando-o em humano, claro! Depois de despertar a fúria de Zeus por causa da guerra com Gaia, Apolo é expulso do Olimpo e vai parar na Terra, mais precisamente em uma caçamba de lixo em um beco sujo de Nova York. Fraco e desorientado, ele agora é Lester Papadopoulos, um adolescente mortal com cabelo encaracolado, espinhas e sem abdome tanquinho. Sem seus poderes, a divindade de quatro mil anos terá que descobrir como sobreviver no mundo moderno e o que fazer para cair novamente nas graças de Zeus.
O problema é que isso não vai ser tão fácil. Apolo tem inimigos para todos os gostos: deuses, monstros e até mortais. Com a ajuda de Meg McCaffrey, uma semideusa sem-teto e maltrapilha, e Percy Jackson, ele chega ao Acampamento Meio-Sangue em busca de ajuda, mas acaba se deparando com ainda mais problemas. Vários semideuses estão desaparecidos e o Oráculo de Delfos, a fonte de profecias, está na mais completa escuridão.”
 
Depois que foi anunciada a adaptação da série de livros Percy Jackson e os Olimpianos pelo serviço de streaming da Disney (infelizmente ainda sem data prevista), resolvi voltar a acompanhar a crescente obra de Rick Riordan novamente. “As Provações de Apolo” é a terceira série de livros que se passa no mesmo universo e foi lançada em 2016, com o primeiro livro “O Oráculo Oculto”.

É sempre incrível ler qualquer coisa que Rick Riordan escreve, e talvez eu seja suspeita para falar, porque cresci lendo seus livros, por conta da sua aparente infinita criatividade. Ele traz personagens e histórias da mitologia clássica e as interpreta e adapta ao mundo moderno de forma única e irreverente, construindo um universo cativante, que sempre nos surpreende.

Em “O Oráculo Oculto”, somos introduzidos à uma nova versão do deus Apolo. Quando o conhecemos da primeira vez, no livro “A Maldição do Titã” (da série Percy Jackson e os Olimpianos), ele é a imagem da confiança: bonito, poderoso e dirigindo uma Maserati, que é a forma atual da sua Carruagem Solar. Toda essa confiança e orgulho se traduzem como arrogância – o deus do Sol, da música, da arqueria, da profecia e de tantas outras coisas que nem ele mesmo consegue listar, não é dos mais humildes, e isso é apontado diversas vezes por outros personagens durante os livros.

Agora, ele se vê amaldiçoado por seu próprio pai, o patriarca do Olimpo, Zeus, tendo que viver como humano, desprovido de seus poderes e de sua imortalidade, condenado à viver no corpo de Lester Papadopoulos, um adolescente comum de 16 anos, devido aos acontecimentos do final da série “Os Heróis do Olimpo”. É muito interessante ver como esse deus tão cheio de si que conhecemos antes tendo que aprender a viver com sua nova condição, se acostumando à ser humano e todas as coisas “banais” que vem com isso, como lidar com acne ou precisar de uma carteira de habilitação para dirigir.

Acompanhar a perspectiva dele é incrível durante todo o livro, primeiramente porque é super engraçado ver como um deus se comporta em situações tão humanas e também porque podemos acompanhar seu desenvolvimento como personagem, enquanto ele cria mais empatia e aprende cada dia mais com seus novos amigos humanos. Outra coisa que esse ponto de vista nos traz é ver o deus sendo confrontado com seus fantasmas do passado e como ele passa a ver esses erros e perdas com outros olhos, já que ele passa a deixar o orgulho de lado e finalmente encarar seus defeitos.

Nessa nova jornada de Apolo, enquanto ele precisa entender o que é que tem que fazer para que seu pai o perdoe, nós também somos introduzidos à novos personagens no Acampamento Meio-Sangue: a semideusa Meg McCaffrey, uma poderosa menina de 12 anos, cujo passado tem muitos mistérios e diversos outros semideuses, incluindo os filhos do próprio Apolo – que constroem uma relação mais próxima com o pai – e, o personagem que eu já considero um ícone injustiçado, Paulo, o semideus brasileiro, que sem dúvida é uma pequena homenagem de Rick pra nós, fãs brasileiros, e um ótimo alívio cômico.

O livro em si é leitura leve e fluida, assim como todos os outros livros do mesmo universo. Os personagens, Apolo e Meg, saem em uma missão em busca de saber o que anda de errado com os Oráculos (recipientes de profecias, uma das especialidades de Apolo), que não andam funcionando como deveriam. Assim, nos deparamos com aquela fórmula que já conhecemos (e amamos): monstros, batalhas e um novo vilão para essa nova série. “O Oráculo Oculto” é um ótimo prefácio para a série, que ainda não está completa – segundo o autor, o último livro sai em outubro desse ano – e estou ansiosa para ler os próximos e saber até onde vai essa história de Apolo em busca de sua divindade perdida.
Luiza de Toledo

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Luiza de Toledo

23 anos, estudante de letras, professora, pseudo-cinéfila e sommelier de fanfiction.

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