One Direction e as boas lembranças formadas em uma década

Por alguns anos, após entrar na adolescência e conhecer novos colegas de classe em minha escola, por diferentes razões me lembro de ligeiramente sentir, assim como muitos outros jovens devem se sentir nessa época da vida, aquela certa necessidade de se mostrar mais maduro do que realmente é, por vezes com a sensação inquietante de que temos que nos provar constantemente para alguém – sendo que ninguém nunca nos disse explicitamente que queria ver o que tínhamos pra mostrar, mas certas inseguranças não fazem sentido –, e essa necessidade muitas vezes está diretamente relacionada a gostos: livros, filmes ou músicas considerados "cult", "underground", "superior a outros" ou seja lá mais como se referem que às vezes nos fazemos ler, assistir ou escutar mesmo sem querer muito. Embora eu tenha tido a sorte do meu ambiente escolar não ser do tipo tóxico, we've all been there, se você era do tipo que se importava demais com a opinião dos outros sem razões, como eu (se não era, então eu te admiro). Porém, curiosa e ironicamente, quando eu fiquei um pouco mais velha e cheguei no ensino médio, quando mudanças foram ocorrendo, alguns colegas de classe saíram da escola e novas pessoas chegaram, foi que encontrei algo que, num processo muito espontâneo que eu só percebi mais tarde, me fez me sentir mais solta e muito mais adolescente realmente, tendo menos vergonha de admitir determinadas paixões. 

Membros do One Direction (da esquerda pra direita) Niall, Harry, Liam, Louis e Zayn

Foi há oito anos, em 2012, no meu primeiro ano do ensino médio que fui vencida pela curiosidade e ouvi alguns dos maiores hits One Direction da época e que até hoje são relevantes: One Thing e What Makes You Beautiful. Na classe, entre uma aula e outra, ou nos intervalos da escola passei a dividir o fone do celular com as amigas que, assim como eu, estavam começando a se render ao som da boyband – a própria Luiza e a Sandy, minhas amigas aqui do blog, ou outras duas amigas nossas, Mariana e Giovana, minha xará, uma aproximação que ocorreu graças a esse gosto em comum. Quantas vezes tivemos a oportunidade de fazer amizades, seja pessoalmente ou através da internet, por conta de um interesse em comum que rendia horas e mais horas de assuntos e surtos coletivos todos os dias? 

Em pouco tempo, todas nós já estávamos falando sobre Harry, Liam, Niall, Louis e Zayn diariamente, escutando o que na época era o único álbum lançado do grupo, Up All Night, cada uma falando sobre o seu membro favorito (um favorito que a gente não escolhe, convenhamos, eles escolhem a gente), discutindo músicas preferidas, compartilhando vídeos de shows disponíveis no Youtube ou da época em que participavam do The X Factor UK (o fatídico programa onde o grupo foi formado e lançado em uma carreira que trouxe imenso sucesso a todos eles), conversando sobre fanfics lidas em conjunto (sempre há fanfics...), e se perguntando como seriam as músicas do novo álbum que sairia ainda em 2012.

Os momentos em que três músicas e um clipe de Take Me Home, o segundo álbum do 1D, foram vazados antes da hora e a quantidade de mensagens trocadas em caps lock pela internet, quando não estávamos juntas, são até hoje inesquecíveis. Além de situações vividas através do twitter, onde tudo costumava pegar fogo, como as mais variadas indignações e intrigas de fandom, o fato de que alguns membros no início tinham mais espaço nas músicas do que outros, as teorias mais insanas e imaginativas sobre um romance entre Harry e Louis, o que pessoalmente me aborrecia de que alguns videoclipes não eram realmente impressionantes (poucos foram verdadeiramente legais, como Story of My Life, Best Song Ever, Night Changes, Drag Me Down...), o momento infeliz para os fãs em que Zayn anunciou a saída do grupo... Só quem viveu sabe, como diz aquele meme mais do que adequado pra esse post.

Porém, acima de qualquer questão que tenha causado estresse ou tristezas, os momentos divertidos compartilhados com amigas são os mais memoráveis, como todas as vezes que piramos com o lançamento de cada álbum e os dias que nos encontramos na casa de uma de nós para ouvir as músicas no volume máximo na sala ou quarto e cantamos a plenos pulmões com uma alegria que eu, particularmente, não havia sentido em nenhum outro momento na vida gostando de um artista ou banda. 

Me rendeu muitos momentos de felicidade, emoção, até mesmo um show em São Paulo (do qual mal tirei fotos, porque eu sabia que ficaria mais preocupada em fotografar do que curtir) que eu adoraria poder revisitar se fosse possível voltar no tempo, além de ter me dado a oportunidade de me reconectar através de um novo gosto em comum com amigas que eu já tinha e ainda poder fazer novas amizades com pessoas que surgiram em minha vida há quase uma década e até hoje estão presentes. Não com a mesma proximidade que a escola nos proporcionava – todas estão muito mais ocupadas hoje com estudos e trabalho – mas independente da distância, esse laço se manteve graças a um grupo que tantas pessoas depreciavam da mesma forma que desdenhavam seus fãs. Não importava tanto se não eram as melhores canções com as letras mais profundas e críticas da história da música (e olha que eles melhoraram como músicos a cada álbum lançado, e hoje em dia em suas carreiras solo isso se reflete ainda mais) – o que se sentia ao ouvir as músicas, ao se empolgar com novidades e conversar com as colegas sobre eles era algo muito maior.

Palco da Where We Are Tour do One Direction em São Paulo (10/05/2014)

One Direction me trouxe algo muito significativo além de músicas cativantes, fotografias bonitas e cantorias em conjunto com amigas – essa sensação de eu ter me permitido ser simplesmente uma adolescente comum que curte ouvir as canções de uma boyband despreocupadamente, por pura diversão e paixão, sabendo que não havia nada a se provar para ninguém. Carreguei essa sensação de maior liberdade pra vida, e é impressionante como você percebe como é fácil não se importar a partir do momento que deixa de se importar com o que os outros pensam sobre você ou seus gostos pessoais. Agradeço ao One Direction e ao meu eu do passado que foi minimamente maduro para se desprender dessas inibições e curtir uma verdadeira vida de fangirl.

Pra completar nossa homenagem a esse grupo que completou 10 anos na última semana e que nos rendeu tantas lembranças alegres e bons momentos na adolescência, escolhemos algumas das nossas músicas preferidas de todos os álbuns dos meninos pra curtirmos juntos. Se você era um/uma grande fã de 1D e se identificou com esse depoimento um tanto nostálgico, conta pra gente quais eram suas músicas e álbuns preferidos, quais momentos foram os mais marcantes pra você graças ao meninos ou qualquer outra curiosidade que queira compartilhar. Agora bora ouvir a playlist (e saibam que foi muito difícil escolher somente algumas músicas dos álbuns porque gostamos de praticamente todas)!

Giovanna Napoli

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Giovanna Napoli

23 anos, designer gráfico, gateira que gosta de falar de animes e ouvir kpop.

8 comentários

  1. Ah! É tão bom quando a gente consegue não dar bola para o que os outros pensam, né? Eu não tive isso com essa banda, mas gostava de algumas músicas e hoje em dia curto algumas do Harry. :) Mas algumas bandas como Backstreet Boys, Spice Girls e tal, marcaram muito a minha adolescência e eu amava ser fã. E é muito legal ter essas lembranças e pensar o quanto essa admiração proporcionou amizades e momentos inesquecíveis. Quando eu era criança, amava Chiquititas e me divirto lembrando quando eu fazia cover e tal hahaha. E isso não tem preço, né? ♥

    Beijos, Carol
    www.pequenajornalista.com

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    1. Olá, Carol!

      Sim, é libertador quando finalmente percebemos que não temos que impressionar ninguém e que é muito legal simplesmente ser você mesmo.
      Não acompanho a carreira solo do Harry, apesar de saber que ele anda fazendo ótimas músicas e tendo muito sucesso - as outras meninas aqui do blog adoram ele ahahah
      Toda geração teve sua boyband ou girlband febre que despertou uma grande paixão de fangirl, né? E exatamente como você disse, os bons momentos que tudo isso proporciona não tem preço.

      Abraços!

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  2. Oi, Gi!
    Obrigada pelo comentário fofo que você me deixou lá no Algumas Observações. Eu sou assim com os Backstreet Boys. Ser fã é um negócio bom, que traz felicidade e que ajuda a segurar a barra de mta coisa. Acho que 90%¨das melhores pessoas que já conheci na vida, foi por causa deles. É muito legal pensar nisso e foi mto legal agradecê-los por isso.
    Não acompanhei mto o 1D, mas tenho gostado bastante da carreira do Harry. Watermelon Sugar é maravilhosa demais. Pretendia comprar o ingresso do show dele, aí veio o corona e estragou os planos. Espero que esse show aconteça no futuro, porque eu quero ir.

    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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    1. Olá, Fernanda!

      Eu que agradeço agora pelo seu comentário aqui no Trívia. Ser fã é uma das coisas mais divertidas da vida, seja de qualquer tipo de artista, banda, saga literária, filmes, séries... Não dá nem pra imaginar a vida sem essa paixão e alegria, né?
      Não acompanho muito a carreira dele e não ia no show aqui no Brasil, mas é uma pena que esteja até sem previsão de ser remarcado... Mas daqui a um tempo devem dar um parecer e uma nova data pros fãs. Que esse corona passe logo e possamos em 2021 conseguir voltar a curtir shows com os devidos cuidados.

      Abraços!

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  3. Me senti muito velha lendo esse post, pois em 2012 já fazia dois anos que eu havia terminado o ensino médio, haha. Mas enfim, nunca fui fã louca de nenhuma boyband, na adolescência eu era estranha, minha paixão adolescente foi o Johnny Depp. E quando o One Direction começou a fazer sucesso eu já era adulta cética, mas não posso negar, eu ouvia sim várias das músicas da banda, e fiquei bem chateada com o fim dela, até porquê, até hoje não acho o trabalho solo dos integrantes da banda tão bom quanto era em grupo.
    Amei seu post, foi bem nostálgico, pois apesar de não ser fã, acompanhei a febre.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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    1. Olá, Leslie!

      Hahahah não é uma grande diferença de idade - e mesmo assim, no fim das contas, idade é só um número!
      Ahh, qualquer paixão adolescente é inesquecível, independente de qual for. E quanto ao trabalho dos meninos, não estou acompanhando, pra ser sincera, porém costumo ouvir elogios a respeito delas. Imagino que, com a liberdade musical que a carreira solo trouxe pra cada um, devem ter surpreendido positivamente muitas pessoas que costumavam julgá-los só por estarem no 1D. Irei separar um momento em breve pra poder apreciar algumas canções deles.

      Abraços!

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  4. Oi, Giovanna. Tudo bem?
    Eu amei sua relação de amor com a banda, eu não tive essa relação de amor tão forte e na verdade, conheço poucas músicas. Mas seu texto transparece o mesmo sentimento que tive por anos pela série CSI e quando amamos algo que nos proporciona esses momentos únicos é muito difícil se importar com que outros vão pensar.
    Curta suas boas lembranças e ótimo texto.

    Beijos, Vanessa
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    1. Olá, Vanessa!
      Muito bacana ver aqui nos comentários a variedade de coisas pelas quais as pessoas gamaram na adolescência, como no seu caso também. Tanto tipo de entretenimento diferente consegue envolver a gente de um jeito, né? :D

      Muito obrigada e abraços!

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