Crítica: Emily em Paris

A série Emily em Paris estreou no começo do mês de outubro com a premissa de nos mostrar a jornada de uma jovem que mudou de país para trabalhar no emprego dos seus sonhos na cidade luz, mas nem tudo são flores, pois a guria não fala francês e isso gerará confusões pelo caminho.

A nova obra rapidamente entrou no círculo das séries polêmicas da Netflix por não ter caído no gosto dos franceses e ter recebido críticas negativas. O ator que interpreta o galã da série, Lucas Bravo, diz que de certa forma estão corretos, pois a série retrata apenas uma visão da capital parisiense. Para mim existem duas vertentes interpretativas: visão do criador e visão de um nativo. 

O criador da série, Darren Star, pode ter escolhido essa visão simplista propositalmente, não estamos vendo o ponto de vista de um nativo, estamos vendo a aventura da Emily, uma estrangeira americana, que conhece a cultura francesa por macarons, marcas de beleza e marcos turísticos. Quando a pessoa é nativa, entendo como a série faz um péssimo trabalho ao representá-los como uma cultura repleta de pessoas grossas, intolerantes, extremamente sexuais e entre outros estereótipos. Seria como retratar o Brasil como apenas carnaval, futebol e funk: isso pode representar alguma parte da população, mas não todos. 


A Emily é uma norte-americana que não fala um "A" em francês e vai para o país assumir um cargo que lida diretamente com o público, para mim isso é uma arrogância que vem de um estereótipo real – pessoas de países de língua inglesa esperam que o mundo os compreenda, mas não levantam um dedo para aprender outros idiomas. Eu entendo que essa “falha” na personagem é parte do enredo da série, por isso eu relevei e segui a onda cômica atrelada a esse fator. 

Sua meta é trazer uma visão americana para os clientes da empresa, ela tem uma visão genial para o mercado de marketing e isso incomoda os tradicionais – nem todos estão dispostos a novos ares. Isso faz com que ela sofra dentro da empresa, a sua chefe Sylvie é tóxica (como a Miranda de Diabo Veste Prada) e a personagem tem um certo brilho, porém nunca será a personagem da Meryl Streep, okay? Apesar de não ser querida dentro do escritório, Emily atrai novos clientes, amigos e interesses românticos com o seu jeito carismático e bubbly (alegre e entusiasmada) de ser.

O interesse romântico principal é o Gabriel, chef do restaurante de frente para o prédio em que ele e a Emily moram, e em seus diversos encontros reparamos a tensão sexual entre eles. Apesar de estar namorando, o Gabriel retribui o sentimento de Emily, o que é uma verdadeira palhaçada. Isso só piora ao longo dos episódios quando Emily, uma mulher solteira, se aventura em diversos encontros românticos, muitas vezes na presença de Gabriel e sua namorada, onde podemos reparar situações em que um homem comprometido fica com ciúmes da vizinha (ignorando a responsabilidade afetiva com a sua parceira).

Um grande acerto da série, além de ser fashion, é colocar como cliente da empresa um designer excêntrico que é mais exagerado do que homem doente. Vale a pena colocar um pin em todas as cenas com Pierre Caudalt, sinceramente são cenas dignas de risadas exageradas (como quando ele falando mal do final de Gossip Girl ou dando seu piti de artista). Apesar de não entender de moda e a maioria dos looks da personagem serem estranhos para mim, eu adorei vê-los mesmo assim, existe uma dose de beleza nas esquisitas combinações da Emily. 

Eu decidi assistir por causa da Lily Collins que é uma excelente atriz e infelizmente subestimada por Hollywood, seu talento e carisma são absurdos e isso já faz valer a pena de assistir "Emily em Paris". A série tem o novo formato de 10 episódios com uma duração de 30 minutos e isso também é um atrativo, você não despende muito tempo em uma série sem grande roteiro, mas não sairá decepcionado com o que ela entrega que são episódios estilo mais ou menos procedural (a cada episódio um novo cliente) com soluções criativas e draminhas até que interessantes de ver.

A série em si sai do nada e chega em lugar nenhum. Será que isso é um ponto negativo? De jeito algum, apesar dos problemas usuais em representações culturais advindas do olhar americano, é uma série divertida e absurda. Ignoremos o fato do adultério, falta de educação e a super sexualidade serem atribuídas a uma cultura e não aos personagens, então teremos a receita para situações absurdas que chegam a ser cativantes. Definitivamente é uma série água com açúcar de fim de semana e eu amo isso. 
Sandy Banazequi

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Sandy Banazequi

23 anos, estudante de engenharia civil, Usain Bolt da leitura/séries e chorona que ama músicas tristes.

2 comentários

  1. Ainda não assisti à série, mas fiquei curiosíssima. Gosto demais desse lance de fazer diferente, mesmo que os outros não gostem.

    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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    1. Oie, Fernanda

      É uma série bem divertida, tomara que goste quando for ver :D


      Beijocas

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