Resenha: Dragon Pearl, Yoon Ha Lee

Após ler o post da Giovanna, o "Você conhece o selo Rick Riordan apresenta?", fiquei interessada em algumas capas (sim, julguei o livro pela capa) e sinopses. Decidi comprar o Dragon Pearl, porém o livro não está disponível em português, então tive que gastar todo o meu inglês para lê-lo, e surpreendentemente foi uma leitura fácil. Acho que vou dedicar um post inteiro para dar dicas de como foi a minha primeira leitura em outro idioma.

Livro Dragon Pearl, de Yoon Ha Lee

A personagem principal é a Kim Min, uma jovem espírito de raposa, que embarca em uma perigosa aventura pela galáxia em busca de seu irmão, Kim Jun, um jovem cadete da Tropa Espacial (Space Force) que foi dado como desertor, além de ser suspeito de ir atrás da Dragon Pearl (Pérola do Dragão). Este artefato tem o poder de transformar um planeta, o deixando mais habitável, com imensas florestas, rios não poluídos e tudo de bom, mas existe uma possibilidade de que algo com tanto poder possa ser usado para o mal. 

A primeira ideia que vem para a cabeça de Min é que se o irmão fosse o que eles estavam o acusando (um desertor ambicioso) seria por uma boa causa para recuperar o planeta em que eles moravam, Jinju. Nesse universo de Dragon Peal existe uma infinidade de planetas (Thousand Worlds) e o deles é esquecido pelos dragões, criaturas que tem o poder de transformar o planeta, assim como a pérola do dragão, em algo melhor para todos. A qualidade de vida de Jinju é lamentável, todos são obrigados a usarem máscaras (coincidência, não é mesmo?) para evitar que a poeira entre em contato com o sistema respiratório deles, a agricultura é outra coisa impensável de se ter sem uma estufa para proteger os alimentos (deixando o conserto do maquinário que filtrava o ar, infelizmente, para Min). 

Nessa busca por seu irmão ela passa por várias situações que testam as suas habilidades grandemente desenvolvidas para a sua idade. O seu poder, o Charme, é uma magia que induz as pessoas a verem o que ela quisesse e esquecessem as coisas também, habilidade que a fez escapar de várias enrascadas. Outro poder das raposas é a metamorfose, habilidade de se transformar em qualquer pessoa ou objeto. A junção do Charme com a transformação fez com que os espíritos de raposa fossem vistos como a escória da população, com um estereótipo de manipuladoras, pouco confiáveis e ardilosas e essa opressão fez com que qualquer Gumiho (Raposa) vivesse escondido, se passando por simples humanos. 

Ilustração de uma raposa do livro Dragon Pearl, de Yoon Ha Lee

Ou seja, as aventuras da Min eram três vezes mais perigosas. Tenho pena da senhora Kim Seonmi que teve que lidar com a bagunça que a jovem fez ao se mostrar como raposa para o investigador, depois foge de casa aos 13 anos, engana a dona de uma casa de jogos, faz acordo com fantasma e vai parar dentro de uma espaçonave (onde apronta várias peripécias para atingir seu objetivo). Ser descoberta como impostora dentro da Tropa Espacial era moleza perto se descobrissem a sua real identidade, algo que quase acontece diversas vezes devido a personalidade da Min, uma guria inteligente, imprudente e perigosamente corajosa. 

Dentro da nave, ela faz dois colegas novos (já conhecidos pela pessoa em que ela se transformou)  Haneul, uma mulher espírito de dragão e Sujin, um personagem não binário goblin, eles são personagens incríveis que passam por momentos de traição e redenção. O poder de Sujin é o mais interessante para mim, além da super força, consegue conjurar comidas e besteiras a vontade, é o personagem que eu mais gostaria de conversar, parece ser engraçade. O fantasma no qual Min se transformou, Jang, é um personagem ambíguo para mim, não consegui saber em qual lado ele estava, se era do bem ou do mal até os últimos capítulos, acredito que seja uma característica dos fantasmas - negócios inacabados que acabam os prendendo no limbo entre mundos.

Ilustração de um tigre do livro Dragon Pearl, de Yoon Ha Lee

Ler a história da Min me trouxe aquela sensação nostálgica, aquele sentimento que só "Percy Jackson e os Olimpianos" me deu no passado. Passei por todos os capítulos querendo saber como ela ia escapar, como seus amigos iam se sentir se descobrirem quem ela era, se ia encontrar o irmão e a Dragon Pearl. O livro é extremamente fluido, nunca fica parado em uma missão ou tarefa, não me deixou cansada apesar das 320 páginas em um idioma não nativo.

Confesso que eu leria muito mais do mundo que Yoon Ha Lee nos apresentou, e fiquei contente ao pesquisar e descobrir que terá mais um livro nesse universo extraordinário. Acredito que ainda tem muito suco nessa laranja. É um livro ótimo para todas as idades, principalmente para crianças que podem saber um pouco sobre as lendas coreanas, se divertir pelo espaço e pelas descrições de uma galáxia desconhecida, além de compreender e respeitar a identidade de gênero de cada um (que é de longe um tópico principal abordado, apenas existe assim como no nosso mundo, é introduzido da maneira natural da forma como deveria ser tratado).

Se eu pudesse dar nota para esse livro seria 10/10, simplesmente por me transportar para uma época única da minha vida, a história não deixa a desejar (apesar de não se aprofundar na mitologia), cria um mundo vasto e instigante. Eu não sabia que necessitava ler algo leve até mergulhar de cabeça e sair chorando em algumas partes de puro amor fraterno (e olha que não tenho irmão), mas com coração quentinho e ansiosa por mais.

Citações:

"Você sempre foi a mais esperta em nossa família."
"Nada cria um laço como um inimigo em comum."
Sandy Banazequi

Publicado por

Sandy Banazequi

23 anos, estudante de engenharia civil, Usain Bolt da leitura/séries e chorona que ama músicas tristes.

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