Crítica: Mulan (2020)

Não me lembro quantos anos eu tinha da primeira vez que assisti Mulan, a animação de 1998 - parece ser um daqueles filmes que a gente conheceu a vida toda. Talvez seja um dos meus top 5 filmes da Disney, tudo nele é icônico. Então, não preciso nem dizer que fiquei bem feliz com o anúncio da versão live-action que seria feito pela Disney. 

Depois de ser adiado por motivos de pandemia e caos mundial generalizado, o filme finalmente foi lançado pela Disney + no dia 4 de setembro, e foi… bom, eu acho?

Imagem promocional do live-action de "Mulan"

Já me adianto aqui dizendo que não vou julgar o filme pelas expectativas que eu tinha ou pela versão animada que mencionei aqui antes. Acho que temos que julgar as coisas pelo que elas são de fato e não pelo que a gostaríamos que fosse, ou algo do tipo. Dito isso, achei o remake de Mulan, digamos, bem sem alma.

Apesar de ser um filme visualmente lindo, com cores vibrantes e fortes, cenários naturais incríveis, fotografia e cinematografia impecáveis, a história e os personagens deixaram bastante a desejar. Foi difícil simpatizar com qualquer um deles, até mesmo a personagem título. A atuação de Lin Yinfei nas cenas dramáticas deixa bastante a desejar, sua falta de expressão é uma das coisas que dificulta essa interação com a personagem, que deveria ser a heroína pelo qual o destino a gente torce, mas que não tira muita reação da platéia. Os únicos personagens que conseguiram me fazer sentir algo foram o pai, interpretado por Tzi Ma (que me emocionou muito em A Despedida, um filme maravilhoso de Lulu Wang) e o comandante Tung (mas só porque ele é o Donnie Yen e ele é ótimo em tudo que faz).

As referências feitas a animação, creio que numa tentativa de agradar a porção do público que estava esperando que o longa fosse mais fiel ao desenho, foram preguiçosas. A inserção do grilo falante como um personagem humano, de versos das músicas como diálogo e até de imagens que lembravam algumas cenas antigas não trouxeram a emoção e o entusiasmo da identificação, pareceram mais jogadas lá do que qualquer coisa.

Outra coisa que me incomodou foi o ritmo do filme, que foi acelerado demais em algumas cenas importantes, como na cena em que a Mulan foge de casa para se juntar ao exército. Ela aparece de repente já vestida com a armadura do pai e a família já a encontra desaparecida na outra manhã - não há construção da tensão, nem da dúvida e do dever para com o pai que a personagem tem, parece tudo muito acelerado e feito às pressas. A cena em que os soldados encontram a vila destruída também tinha um potencial dramático enorme que foi super desperdiçado.

A adição de elementos mágicos como a fênix e a bruxa (que era para fazer um paralelo com a protagonista, sendo ambas mulheres poderosas se pondo em conflito com as expectativas sociais e dos homens, mas que não acontece de forma natural e precisa ficar sendo explicado pelo roteiro) até que são tentativas legais de adicionar algo mais lúdico e fantasioso para a história, mas que ficam perdidos no meio da história.

Acho que é assim que eu defino esse filme: um grande potencial desperdiçado. Tiveram a oportunidade de fazer um filme incrível baseado na lenda de Hua Mulan, mas acabaram desperdiçando o material de origem e o clássico da Disney. Não foi de todo uma experiência ruim, mas não é um filme que sinto vontade de assistir de novo - ao contrário de seu equivalente animado.
Luiza de Toledo

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Luiza de Toledo

23 anos, estudante de letras, professora, pseudo-cinéfila e sommelier de fanfiction.

4 comentários

  1. Eu perdi o interesse nesse filme pois todos falavam um pouco "mal" dele, vou continuar apegada a versão animada mesmo.

    Beijinhos
    Renata

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    1. Acho que é o melhor que você pode fazer, Renata hahah O desenho vai estar sempre nos nossos corações <3 bjs!

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  2. Olá, Luiza.
    Eu não consigo separar as minhas expectativas na hora de avaliar não hehe. Eu nunca assisti a adaptação e se der vou assistir o filme. Que pena que deixou a desejar na sua opinião.

    Prefácio

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    1. Foi uma pena mesmo :( E sobre separar as expectativas, foi um exercício duro mas acho que se eu não tivesse separado eu ia ter gostado ainda menos do filme!

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