Crítica: A Garota que Conquistou o Tempo

Já faz um tempo que ando mais investida em animações japonesas do que em qualquer live action e isso já nem é mais segredo. E recentemente, por recomendação, assisti um longa no qual sempre batia o olho no catálogo da Netflix: A Garota que Conquistou o Tempo.

Imagem promocional do filme  A Garota que Conquistou o Tempo

A trama nos apresenta Makoto Kono, uma adolescente comum em seus dias de colegial na companhia de seus dois amigos mais próximos: Chiaki e Kousuke. Makoto, como ela mesma se descreve no início da história, é alguém que não é exatamente azarada, nem muito inteligente e nem burra, que não costuma passar por situações que possam ser embaraçosas e risíveis - até certa manhã que, após acordar atrasada para suas aulas, sai de casa para um dia especialmente desastroso, contradizendo todas as suas palavras. E em um de seus muitos momentos estabanados, ela acidentalmente cai sobre um pequeno objeto misterioso que, pouco tempo depois, descobrimos que lhe conferiu o poder de voltar no tempo sempre que simplesmente desse um salto no ar - saltando no tempo, literalmente.

Apesar do susto inicial, Makoto logo se vê totalmente deslumbrada com essa nova habilidade, já que lhe permite escapar e (tentar) corrigir muitas situações que gostaria que tivessem sido diferentes - como não causar um incêndio em uma aula de culinária, poder saborear um doce que, em outro momento, sua irmã tinha comido, ou saber antecipadamente as respostas de uma prova em que antes havia se dado mal. Coisas que qualquer outro adolescente com esse mesmo nível de preocupações faria, até mesmo eu ou você, provavelmente.

E entre diversos momentos em que Makoto pode voltar e alterar da maneira que lhe for mais conveniente, é em sua obsessão em ajeitar sua própria realidade e a despreocupação com a de outras pessoas que mora o problema. Observamos as consequências do que certas interferências causaram a outros personagens, tanto as positivas quanto as negativas que, em sua inocência, Makoto nunca poderia imaginar acontecer. Mas a maneira como o filme ganha um tom ligeiramente dramático não o faz perder sua leveza.

Brincar com os sentimentos dos outros com sua habilidade é algo que Makoto afirma que jamais faria. Em uma conversa com sua tia, no entanto, a quem confidencia sua descoberta e aventuras com os saltos, ela faz Makoto refletir: "É cruel para você? Não é o que vem fazendo ao voltar no tempo?" e Makoto lhe questiona de volta, com uma expressão preocupada: "É assim que você vê?".

Personagens Makoto, Chiaki e Sousuke do filme A Garota que Conquistou o Tempo

De maneira ingênua, por mais que não tivesse se atentado - e que pra nós parece óbvio, mas pra ela não era -, Makoto direta ou indiretamente mudou o curso de acontecimentos na vida de seus amigos e de outras pessoas, e seu senso de responsabilidade e maturidade serão colocados à prova durante a história para impedir que problemas ainda maiores - e até mesmo fatais - possam acontecer. Além de estar se privando de toda a espontaneidade e surpresas, sejam boas ou ruins, do viver a vida, e perdendo oportunidades que talvez pudessem ser bacanas pra ela (como a possibilidade de um namoro ou coisas assim).

Gente, às vezes não precisa de muito pra me fazer aceitar a ideia de um casal. Me dá alguns segundos de um olhar sugestivo ou uma frase que entregue que fulano gosta de cicrano que eu já estou shippando. E não foi muito diferente nesse caso, por mais que eu tenha tido uma impressão meio engraçada, porque como os personagens estavam sendo retratados puramente como grandes amigos, eu sinceramente achei que não haveria romance que não fosse super secundário. Mas é um filme com adolescentes, acho que era meio inevitável e previsível, e como falei, no fim das contas fui convencida e [leve spoiler] ainda finalizei o filme com a frustração de não ter visto um mísero beijo!

Também temos uma reviravolta envolvendo Chiaki, e essa sim é um tanto surpreendente e vai de cada um comprar a ideia, já que o olhar que temos sobre o personagem e seu propósito na história muda drasticamente. As viagens da trama, com o perdão do trocadilho, parecem ter ido um pouquinho longe demais, além do personagem ter envolvimento com um quadro que me pareceu super aleatório durante todo o filme... Quem assistir ou assistiu, deve entender. Mas de qualquer maneira, apesar de ter estranhado um pouco, não acho que a história seja completamente perdida só por conta disso.

A Garota que Conquistou o Tempo não foi um filme que chegou ao ponto de virar um dos meus preferidos e que eu assistiria novamente com facilidade - achei um tanto ok. Mas também não considero tempo desperdiçado, foi um filme leve e tranquilo de se assistir em um fim de tarde de domingo, e já super me acostumei a apreciar esse tipo de história que mistura as realidades mais simples e rotineiras com um toque de fantasia e surrealismo (o que me remeteu total aos queridos filmes do Estúdio Ghibli). A quem se interessar por esse tipo de história, fica uma ideia de recomendação pra vocês também verem o que acham dessa trama.
Giovanna Napoli

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Giovanna Napoli

23 anos, designer gráfico, gateira que gosta de falar de animes e ouvir kpop.

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