Wandavision: Episódios 1 e 2

Pra inaugurar a Fase 4 do MCU e as produções da Marvel Studios para a televisão, ontem estreou Wandavision, a série da Disney + que é o projeto mais ousado do estúdio até hoje - e estreando mais uma série de posts aqui no Trívia! Cuidado com os spoilers abaixo.


Só a proposta de Wandavision já é fascinante. Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate, e Visão sempre foram meu casal favorito do MCU (não que o romance seja o forte desses filmes, é claro), justamente por serem totalmente fora da casinha. Uma humana poderosíssima, capaz de alterar a realidade com sua “magia” e um robô autoconsciente. Após a morte de Visão e os eventos de Vingadores: Ultimato, Wandavision explora o luto de Wanda e as consequências de uma vida marcada por tragédias e perdas.

Pelo menos é o que se especula, e o que eu também acho, porque a série não se explica muito - e isso é muito bom.

Na superfície, os dois primeiros episódios tem uma premissa bem simples. Seguindo a fórmula dos sitcoms da década de 50 e 60 - com as inspirações mais óbvias sendo o Dick Van Dyke Show, Jeannie é um Gênio e A Feiticeira - eles trazem histórias cotidianas de um casal suburbano em situações típicas das séries da época. Inclusive, segundo a Entertainment Weekly, eles foram filmados com a técnicas e a tecnologia da época, e em estúdio com uma platéia ao vivo. Tudo isso contribuiu muito para a atmosfera dos episódios, até nos mínimos detalhes, como os efeitos práticos e a apresentação na tela nas dimensões 4:4, como eram nas televisões antigas, em vez do moderno 16:9.

No episódio 1, o casal recebe o chefe de Visão - que agora trabalha em um escritório para um jantar e no episódio 2, eles se preparam para se apresentar em um festival da vizinhança com um show de mágica. Em ambos os episódios, o tema da “normalidade” é uma constante. Wanda e Visão precisam se adaptar a essa vida que adere ao velho “sonho americano”: a dona de casa perfeita e o marido que trabalha para prover para a família - quando, ao mesmo tempo, eles não são nada normais, e não pertencem àquela realidade. Reflete bastante a história da HQ “Visão”, do autor Tom King, que fala sobre o herói criando uma realidade alternativa em que ele tem uma esposa e filhos, em uma “vida perfeita” fabricada. Inclusive, destaco aqui a atuação hilária do Paul Bettany, fazendo o Visão totalmente perdido tentando ser humano, em situações humanas, nada robóticas *pisca*.

O estranho, o “fora do comum”, em Wandavision, está nos detalhes. Durante a cena do jantar, no primeiro episódio, o chefe de Visão e sua esposa (que é interpretada pela Debra Jo Rupp, a eterna Kitty de That 70’s Show, outro sitcom icônico), questionam o casal sobre quando eles se casaram, de onde vieram, se eles pretendem ter filhos, etc. Aquelas típicas expectativas dos anos 50. O problema é que Wanda e Visão não sabem responder - eles ficam travados, como se não soubessem de onde vieram ou como foram parar ali, o que alimenta as teorias de que Wanda está presa naquela realidade contra a vontade dela, mas tem momentos de lucidez no meio da simulação. Depois, o chefe de Visão se engasga com um pedaço da comida, e novamente, rola uma falha na simulação, onde o comportamento de Wanda muda, ela sai do “personagem” da dona de casa e, por um segundo, volta a ser a Wanda que conhecemos, ao pedir que Visão salve o homem.

É no segundo episódio que as coisas se tornam mais estranhas. A presença da misteriosa vizinha de Wanda, a Agnes, que está presente em todos os momentos e serve como uma “guia” para ela - seria ela a bruxa Agatha Harkness, a mentora de Wanda nos quadrinhos?. A cena do helicóptero de brinquedo na cerca, o rádio que, em uma interferência, chama por Wanda e pergunta onde ela está, o sangue na mão de Dottie - tudo isso marcado pelo vermelho que se destaca em um mundo em preto e branco. Alguém, provavelmente da S.W.O.R.D (a nova divisão secreta do governo, assim como a velha S.H.I.E.L.D, que monitora possíveis ameaças, tanto na Terra, quanto fora dela), está tentando se comunicar com Wanda, talvez para tirá-la de dentro dessa ilusão - o que vai de acordo com outra teoria, a de que é a própria Wanda que se isolou nessa realidade, onde ela tem uma vida perfeita, e onde ela não foi tocada por todo o trauma que a acompanhou por toda sua história.

No final do segundo episódio, depois da revelação da gravidez de Wanda - que nos trará os gêmeos, William e Thomas, os heróis Wiccano e Célere - o casal é atrapalhado por um barulho vindo da rua. Quando vão investigar, descobrem um homem em uma roupa de apicultor, trazendo o símbolo da S.W.O.R.D nas costas, saindo de um bueiro. Wanda, mais uma vez, “sai do personagem” e o expulsa de sua simulação com um simples e direto “Não”. Se esse homem é um simples agente da S.W.O.R.D tentando ajudá-la, ou alguém com segundas intenções, ainda não sabemos. Essa cena, tanto quanto a do jantar, trouxeram essa estranheza, quase com um toque de horror psicológico, para a série.

Com Wandavision, não sabemos o que esperar - palavras da própria Feiticeira Escarlate no trailer. Cada episódio será uma surpresa, e até agora tá tudo bem nebuloso. Teorias mil, especulações mil, ansiedade lá em cima. Não vejo a hora de chegar sexta-feira, com a série chegando na era da TV à cores, para ver quais serão as próximas dicas para a gente desvendar o quebra-cabeça que a Marvel nos presenteou. 


Luiza de Toledo

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Luiza de Toledo

23 anos, estudante de letras, professora, pseudo-cinéfila e sommelier de fanfiction.

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