Crítica: Tio Frank

Olá, pessoal! Tudo bom com vocês? Depois de um tempinho de recesso e descanso, estamos de volta aqui no Trívia! Esperamos que a virada de ano de vocês tenha sido tranquila e com os devidos cuidados. Que seja um ano melhor pra todos nós, né? :D

E pra começar o ano já fazendo algo diferente, vim me arriscar a falar sobre um filme que assisti recentemente (eu nunca resenhei filmes, por isso o receio haha). E o escolhido foi "Tio Frank" (Uncle Frank), um original da Amazon Prime que estreou no fim de 2020. Para que fique avisado, o texto contém alguuuns spoilers. Não todos, mas alguns, então leia esse texto somente se você não se incomodar em saber de alguns acontecimentos.


A história retrata a jovem Beth (Sophia Lillis), uma adolescente de uma família comum e conservadora da pequena cidade rural de Creekville, nos Estados Unidos, que se passa na década de 70. E apesar de ter uma casa frequentemente recheada de parentes, é somente com seu tio Frank (Paul Bettany) que possui uma relação mais confortável e com quem pode conversar tranquilamente sobre aleatoriedades e gostos em comum, diferente de seus outros familiares.

Apesar de terem um vínculo amigável e próximo, somente após alguns anos, quando Beth vai cursar sua faculdade na grande cidade de Nova York, onde seu tio também mora e leciona, é que a personagem passa a conhecer verdadeiramente quem é Frank fora da bolha familiar e da cidade pequena e rural onde sempre pareceu tão reservado.

Frank, ao contrário do que muitos pensavam e que o próprio deixava transparecer, é gay, e possui um companheiro de anos, ao invés da esposa falsa que raramente apresentava à família. E com essa revelação, conhecemos juntamente da protagonista um pouco da história de seu tio, os traumas de seu passado e o desafio profundo de enfrentá-lo, após tantos anos deliberadamente fugindo dele.

Beth, na realidade, não é de fato a verdadeira protagonista da história - pouco se explora dela, pra ser sincera, e a atenção é mais centrada em Frank e tudo que ela passa a conhecer e compreender dele. Suas motivações e medos por ter escondido algo tão importante dos familiares por tanto tempo, as lembranças de uma primeira paixão e seu autoconhecimento, a tensão ao ser descoberto pelo pai extremamente rígido e totalmente preconceituoso, o seu parceiro e amor dos dias atuais, e seu enorme receio e negação de se assumir para a família.

Entre contações de histórias e flashbacks, somos conduzidos a um momento que é decisivo e carregado de muita angústia para Frank ao encarar a possibilidade de se abrir para a família e ter que lidar com essas pessoas tão dentro dos mais comuns e questionáveis padrões da família "de bem", mas que podem ou não ser a razão de sofrimentos ainda maiores para Frank graças à intolerância (talvez não de todos, mas de alguns personagens, principalmente os homens), além do enorme peso que já carregava nos ombros por conta da clara aversão e rejeição de seu pai desde que o viu beijando outro rapaz quando era mais novo.


É muito nítida a maneira inquieta e ansiosa como Frank se comporta antes e durante o encontro familiar. Era tão real e quase palpável, e foi impossível não se colocar na pele do personagem e imaginar o medo tão injusto de simplesmente ser quem verdadeiramente é para aqueles que não deveriam ser motivo de tamanha preocupação, e sim de garantia de acolhimento e compreensão. Se hoje em dia as coisas ainda podem ser tão difíceis para todas as pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQ+, o quão pior era há décadas atrás... Foi uma reflexão que me ocorreu algumas vezes enquanto assistia o filme, de maneira aflita ao me lembrar que eu não estava simplesmente assistindo uma história fictícia, e sim uma que representa tantas realidades do mundo real.

Adorei ver Paul Bettany, quem eu conhecia somente pelo seu papel do Visão nos filmes da Marvel, dando vida a esse personagem que você tem só vontade de abraçar e dizer que vai ficar tudo bem rs. Sua interpretação, juntamente de Peter Macdissi como Wally, seu parceiro de anos (e que é um personagem muito divertido, diga-se de passagem), nas cenas mais intensas e dramáticas, além dos momentos finais de Frank com sua família, onde o vemos tão transparente e vulnerável, renderam momentos bem emocionantes.

Pra mim que não sou lá muito chegada nos filmes de dramalhão, achei que foi ótimo, sem ser o tipo de filme absurdamente pesado e impressionante, em que os homossexuais sofrem de todas as violências possíveis, além de ter uma resolução feliz que te faz se sentir aliviado e contente - principalmente para tantos jovens que podem se identificar com Frank - e pensar de maneira esperançosa que algumas situações que parecem tão improváveis ainda podem acabar bem.

Fica a dica dessa história que, embora tenha algumas cenas mais tristes e chocantes, é muito sensível, e também curtinho, já que a duração é somente de 1h30. Eu assisti de modo totalmente descompromissado e acabei curtindo bastante, tanto que rendeu essa minha primeira (tentativa de) resenha!

Vocês já chegaram a assistir Tio Frank? Se sim, quais foram suas impressões sobre a história?
Giovanna Napoli

Publicado por

Giovanna Napoli

23 anos, designer gráfico, gateira que gosta de falar de animes e ouvir kpop.

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