Uma das maiores maravilhas da vida, além de podermos desfrutar de livros, séries, filmes e várias outras coisas agradáveis, com certeza é comer. E muitas vezes, se não podemos comer alguma coisa gostosa, podemos pelo menos apreciar muitas delas em séries e competições gastronômicas deliciosas (e depois passar muita vontade com fome). Hoje quis reunir nesse post os meus programas de culinária e confeitaria favoritos da Netflix – sei que existem muitos outros, mas vim falar especificamente dos que estão disponíveis na Netflix, que oferece diversas opções pra curtir e se inspirar a querer cozinhar um pouco, se você for desses. Bora conferir?

The Big Family Cooking Showdown é um programa de competição culinária entre famílias da Inglaterra lançado em 2017. Nele, famílias de diferentes partes do país e também das mais diversas origens trazem uma variedade culinária absurda pros jurados e pros espectadores. Desde comidas tipicamente inglesas até receitas com influências de vários países (já que há muitos competidores que são imigrantes, como indianos, caribenhos, sírios, italianos e entre outros), tanto os pratos salgados quanto os doces apresentados durante as duas temporadas disponíveis na Netflix são de encher os olhos e dar água na boca, o que a boa e velha comida caseira sabe fazer bem demais. Há mudanças de apresentadores e jurados e em alguns detalhes da competição entre a primeira e a segunda temporada, mas a essência do programa se mantém e é muito legal de assistir, um dos meus favoritos por ter uma vibe super confortável e familiar – mesmo não sendo cozinheiros profissionais, os participantes conseguem surpreender com receitas e técnicas de alto nível (nada de arroz e feijão com ovo, pessoal) –, e também não ser o tipo de competição agressiva ou mais convencional como Masterchef e afins, que já não me apetecem mais hoje em dia – além de me dar bastante fome e, consequentemente, ficar triste quando lembro que não tenho nenhum daqueles pratos maravilhosos em casa pra saborear.

Somebody Feed Phil não é uma competição culinária, e sim um delicioso documentário gastronômico de diferentes cidades desse mundão. Phillip Rosental, um escritor e produtor norte-americano, durante as três mini temporadas disponíveis na plataforma viaja para uma cidade de um país diferente a cada episódio, e durante 50-60 minutos experimenta os mais variados tipos de comida, tanto em barraquinhas das famosas comidas de rua e pequenas lojas escondidas em portinhas quanto naqueles mercadões de comida e restaurantes finos, na companhia de diferentes convidados, desde cidadãos locais até especialistas do meio culinário e alguns chefes renomados. Esse programa é um verdadeiro sonho turístico meu – acho que deve ser maravilhoso viajar pra passear despreocupadamente e comer um pouco de tudo que se encontra (pra mim, a parada pra comida é sempre a mais empolgante em qualquer viagem). Apesar de que, pra isso, seria necessário ser muito "bom de boca" igual o apresentador é – alguém como eu, de paladar bem chato, provavelmente não se daria muito bem experimentando de tudo... De qualquer forma, o programa é super bacana, leve, e as refeições tão diversas exibidas nos episódios, em sua grande maioria, parecem incrivelmente apetitosas. Fica a dúvida se não poder sentir o cheiro através da televisão é bom ou ruim, né?

Sobremesas também são irresistíveis, né? Sugar Rush é uma competição de confeitaria original Netflix lançado em 2018, que traz algumas propostas diferentes às disputas com tempo limitado, apesar de eu achar que há algumas falhas nesse sistema. De forma resumida, há 4 equipes e 3 etapas de competição em cada episódio. Na primeira e segunda etapa, respectivamente de cupcakes e doces, uma equipe é eliminada até restarem duas para a fase final que decidirá quem ganha o prêmio de 10.000 dólares. Durante as duas primeiras etapas, todos os competidores tem um tempo considerável para poderem fazer suas criações, e o tempo que sobrar ao final da segunda rodada é adicionado às horas exclusivas disponíveis para a última prova, de bolos, que é a mais complexa. Isso traz a liberdade de cada equipe terminar as duas primeiras fases no tempo que lhe for necessário, alguns primeiro que outros, o que permite que a avaliação dos jurados seja feita logo em seguida e as equipes já julgadas possam prosseguir pra próxima rodada. Somente após a última equipe terminar a etapa e poder ser avaliada é que, então, os jurados conversam e decidem quem será o eliminado da rodada. O que peca pra mim, contudo, é exatamente o fato dos times poderem iniciar as próximas receitas sem ainda terem o veredito de quem será o eliminado da vez, pois mais de uma vez acontece do eliminado ser alguém que já está com uma receita em andamento – o que gera um desperdício de comida e esforço desnecessário nesses casos. Pra mim, esse é o único defeito do programa e, apesar de já ter três temporadas, nunca foi melhor pensado.

Independente disso, no entanto, Sugar Rush sempre traz temas diversos com os quais os participantes brincam bastante, apresentando aos jurados Candace Nelson e Adriano Zumbo, dois famosos chefes confeiteiros, receitas de cupcakes, doces e bolos com designs geralmente super caprichosos e aparentemente deliciosos. Apesar das clássicas coberturas de buttercream e decorações com fondant tipicamente norte-americanas, ainda há outras receitas super diversificadas no programa - às vezes até bastante incomuns pra doces! De qualquer forma, sempre que assisto dá uma vontade de um cupcake... Sugar Rush, além do programa convencional, tem uma edição especial de Natal com doces lindos e próprios da época para apreciar.

Esse posso dizer que, até o momento, é o meu programa favorito de confeitaria. Zumbo's Just Desserts (sim, do mesmo Adriano Zumbo mencionado no item anterior) é um programa australiano de competição, apresentado e julgado pelo chefe confeiteiro e pela cozinheira e confeiteira inglesa Rachel Khoo, para confeiteiros amadores – mas muito habilidosos – que amam cozinhar os mais variados doces, e que tem o cuidado de construir uma aura divertida e quase mágica envolvendo o mundo da confeitaria e a própria competição, em um cenário colorido como se fosse uma "Fantástica Fábrica do Adriano Zumbo", efeitinhos misteriosos na apresentação das sobremesas e doces temáticos muito lindos, de encher os olhos e desafiar a imaginação e o conhecimento técnico dos participantes, não só quando eles precisam inventar uma sobremesa inédita, mas principalmente quando alguns deles precisam se salvar da eliminação em desafios onde é necessário replicar uma sobremesa do próprio Zumbo – que são sempre tecnicamente complexas, beirando uma perfeição que os competidores muitas vezes apanham pra conseguir reproduzir. Quando os competidores têm sucesso em suas criações, no entanto, apresentam verdadeiras obras de arte maravilhosas de apreciar e de dar muita vontade de experimentar também, óbvio. O programa tem duas temporadas – à princípio, não era da Netflix, mas passou a ser co-produzida pela plataforma a partir da segunda temporada lançada no fim do ano passado. Fico na expectativa que eles renovem pra uma terceira!

Este é o programa que contempla todas as pessoas que amam a confeitaria, mas que a confeitaria não necessariamente as ama de volta... Mandou Bem é um programa de competição original Netflix que traz participantes comuns e super amadores pra batalharem por um prêmio de 10.000 dólares a cada episódio (que são bem rapidinhos, com pouco mais de meia hora). É muito divertido, porque mesmo com receitas em mãos para guiá-los – apesar do tempo limite de cada desafio parecer propositalmente encurtado pra incitar uma urgência maior e, portanto, mais bagunça nos resultados –, os competidores conseguem criar obras desconstruídas, tortas, às vezes até cruas e totalmente capengas para os jurados Nicole Byer (que é hilária por si só) e Jacques Torres (um famoso confeiteiro e chocolatier francês) poderem experimentar entre as risadas que deliberadamente deixam escapar. Mas o programa não tem intenção de ofender os participantes com risos desdenhosos e julgamentos pesados – tudo ocorre em um clima muito descontraído e leve, inclusive as avaliações de confeiteiros profissionais além de Jacques que são convidados esporadicamente no programa. Nem todas as receitas são completas tragédias – alguns participantes eventualmente conseguem entregar resultados razoáveis e se saírem melhor que os outros e, ao final da disputa, aquela arminha que faz chover dinheiro celebra a escolha do vencedor da vez.

O desperdício de ingredientes nas receitas verdadeiramente desastrosas dá um pouco de pena? Com certeza! Mas, fora isso, é super divertido e perfeito pra dar umas risadas e se identificar caso você seja como os participantes, e ainda pegar algumas dicas valiosas pra quem gosta de se arriscar na cozinha e também não se dá muito bem com ela. A série têm quatro temporadas disponíveis, além de um especial de Natal e Ano Novo e ainda versões de diferentes países, como Mandou Bem Alemanha, México, Espanha e França (que eu nunca vi, porém fica a sugestão pra quem quiser assistir muitos outros desastres culinários mundo afora).