Quem nunca ficou zapeando por uns 30 minutos pelo menu infinito da Netflix? Estava nesse loop eterno a procura de algum filme aleatório, interessante e leve para ver, aí me deparei com um pôster atrativo. Nesse pôster estilo comédia sessão da tarde estavam quatro grandes nomes do cinema, Queen Latifah, Regina Hall, Jada Pinkett Smith e Tiffany Haddish, então decidi assistir. 

O filme retrata a vida de quatro amigas que se conheceram na faculdade, mas que a vida as distanciou um pouco e por isso decidiram viajar para Nova Orleans, para reviver os momentos de glória das Flossy Posse (nome do grupo delas). 

A Lisa (Jada Pinkett) é representada como a mãe do grupo que estava em celibato por 2 anos após um divórcio e nessa viagem tenta se libertar das suas amarras, deixando de agir metodicamente e tentando se relacionar com alguém. A Ryan (Regina Hall) é uma escritora de sucesso que tem o seu nome e marca associada ao marido, Mike Colter (o famoso Luke Cage), e esse relacionamento é conturbado graças as palhaçadas que ele trouxe para o casamento. 

A Sasha (Queen Latifah) é uma blogueira de fofoca que estava com dificuldades financeiras e se vê em um ambiente cheio de histórias para contar, principalmente sobre o relacionamento problemático da amiga com o marido e, para piorar, tem uma relação complicada com ela por situações mal resolvidas do passado. A Dina (Tifanny Haddish) é a personagem sinônimo de problemas, diversão e noites para nunca esquecer. Apesar dela não ter um desenvolvimento ou uma história real no filme, ela parece ser a personagem mais divertida de retratar na tela de cinema. 

Em um determinado momento, as quatro bebem absinto, aquela bebida que fez Van Gogh cortar a "zoreba", e vão para uma balada, onde todo mundo podia observar a realidade. Enquanto a personagem da Queen Latifah achava que estava no maior amasso com um cara, todos viam que, na verdade, ela estava com um abajur. Eu literalmente gritei de rir durante as cenas delas viajando nas alucinações. 

Como fã de comédias, eu acho que nem tudo deve ser levado a sério e essa cena mostra isso. Não costumo julgar as situações bobas e absurdas como algo que nunca aconteceria na realidade, porque, afinal, nunca se sabe. E principalmente para não perder o elemento comédia da história, sempre me deixo ser levada pelo enredo. É isso que você precisa fazer nesse filme. Aproveitá-lo pelo que ele é e pelo que tem a oferecer. Situações exageradas para serem cômicas e desenvolvimento de personagem pequeno ou muito rápido, sem se importar muito. 

Fui atrás de algumas informações sobre o filme e uma das atrizes (não lembro qual) falou que estávamos acostumados a ter histórias de personagens negros sendo vistos pela lente de sofrimento – como 12 Anos de Escravidão, Selma e outros – e que queria retratar em um filme o lado mais irreverente de amigas negras se divertindo. E com esse intuito, o filme entregou tudo aquilo que almejava, preencheu a minha noite com bastante risada, além de me distrair nessa quarentena. 

Existe uma mensagem sobre amizade verdadeira que se destacou para mim. Mostrou que amizades conseguem sobreviver ao afastamento, mas que alguns desentendimentos sem resolução podem acumular e se tornar algo maior do que era, por isso o diálogo, como em todo relacionamento, é necessário. E que amigos de verdade vão estar do seu lado quando você precisar, seja para te fazer sorrir, como a personagem da Dina, ou como a Sasha que vai apontar as besteiras que você faz, sem passar pano na sua cabeça. 

O filme não vai concorrer como melhor filme no Oscar ou exibir em Cannes, mas tudo bem. O filme fez 140 milhões de dólares, primeiro filme escrito por uma mulher afro-americana a atingir essa marca, além de ser o primeiro a ser escrito, dirigido, produzido e estrelado por pessoas negras. E isso é uma grandiosidade por si só. Uma comédia café com leite (ou gin e tônica) para se divertir.