Resenha: A Rainha Vermelha, Victoria Aveyard (A Rainha Vermelha Vol. 1)

Aparelho Kindle exibindo a capa do livro "A Rainha Vermelha" de Victoria Aveyard

“O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses. Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho? Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe — e Mare contra seu próprio coração.”

A sinopse já chamou a minha atenção por misturar poderes com uma luta de classes é uma combinação muito instigante, pelo menos para mim, mas a capa do livro é mais atrativa, é marcante e simbólica, mostra que para ter a coroa vem o sangue e sacrifício.

Como em toda boa e velha história sobre distopia, nesse livro temos mais um caso de desigualdade social gritante, mas que nesse caso eles “têm” justificativa, afinal os de sangue vermelho não têm poderes e os prateados, sim. Então os prateados comandam o jogo com suas inúmeras e dispensáveis peças, os vermelhos, sem ao menos suar nas linhas de frente da guerra, além de humilhar e desprezar aqueles que os servem todos os dias.

Apesar da maioria deles ser desprezível, é difícil ler e não querer ser um prateado, no sentido de ter poderes. Um magnetron manipula o metal, um cantador tem o poder de manipular as pessoas com a sua voz, um murmurador consegue ler e controlar as mentes, entre outros poderes. 

O poder da Mare é algo fora da curva, além dela ser um milagre vivo, uma vermelha com poder prateado, a sua habilidade não é comum, poder controlar eletricidade, além de lançar raio de cor lilás, é algo que choca todos. O jeito que a autora escreve as cenas da Mare aprendendo a controlar/usar seu poder, estilo Pikachu, nos faz entrar da pele da personagem, compreender o descontrole, além da descrição do raio lilás que a Mare produz é uma obra de arte.

Os príncipes são importantes para a história, mas como eu procurava uma relevância romântica, me frustrei, não sei se esse era a intenção da autora, de deixar o romance do livro bem mínimo, servindo apenas como artifício de narrativa para o jogo do poder em questão, ou se ela vai dar maior relevância a isso nos outros livros.

Estou tão acostumada ao príncipe encantado ser bom ou o vilão ser inteiramente mau que não preciso fazer pesos e contrapesos para com as atitudes dos personagens. Nada é preto ou branco, tudo nesse livro tem tons de cinza, todas as pessoas têm as suas motivações e segredos.

A autora não tem medo de mostrar as fatalidades de uma revolução, de quantas vidas precisam ser sacrificadas para o “bem maior”, de esfregar na cara da principal as consequências dos seus atos. O livro deixa todas essas coisas “na sua cara” que torna o livro ligeiramente pesado, principalmente para uma pessoa, como eu, que tenta relacionar tudo com a realidade sendo com o passado ou presente.

Um artifício literário que sempre aparece é o foreshadowing que significa dar indícios de algo que possa acontecer no futuro. Em consequência disso acabei colocando minha fé nos lugares errados, mesmo tendo aquele pressentimento de que algo estava errado eu continuei acreditando naquela narrativa e acabei, agradavelmente, surpresa. 

Eu fiquei perplexa com a minha empolgação ao terminar de ler com a grandiosidade de tudo isso, de uma luta contra um sistema abusivo e discriminatório, das grandes lutas com poderes (acontece uma luta bem grande com vários poderes, me senti assistindo a um filme da Marvel), as armadilhas e todo aquele jogo. O livro, para mim, é sensacional. Com toda certeza, eu lerei o próximo que se chama “Espada de Vidro”.

Citações:

“Todo mundo pode trair todo mundo” e “As palavras mentem de vez em quando.” 

São as frases que ficaram na minha cabeça durante o livro e até agora, é um tapa na cara dos personagens e na minha, pois é uma verdade que os bons corações não querem acreditar. É uma verdade que precisa ser aceita, mesmo que doa.
Sandy Banazequi

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Sandy Banazequi

23 anos, estudante de engenharia civil, Usain Bolt da leitura/séries e chorona que ama músicas tristes.

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