Crítica: Enola Holmes

"Quando sua mãe desaparece em seu aniversário de 16 anos, Enola procura a ajuda de seus irmãos mais velhos. Mas assim que ela percebe que eles estão menos interessados em resolver o caso do que mandá-la para o internato, Enola faz a única coisa que uma garota esperta, cheia de recursos e destemida em 1880 faria. Ela foge para Londres para encontrá-la. Encontrando diversos personagens memoráveis pelo caminho, Enola se acha no meio de uma conspiração que pode alterar o rumo da história política." 

Preciso mostrar a árvore genealógica dos personagens desse filme para que vocês possam reparar no peso desse elenco e, sinceramente, entender o único motivo para eu querer assisti-lo. Temos a Millie Bobby Brown (Stranger Things) como Enola Holmes, Helena Bonhan Carter (Harry Potter) como Eudoria Holmes, Henry Cavill (Superman) e Sam Claflin (Jogos Vorazes) como Sherlock e Mycroft Holmes, respectivamente. 

Imagem promocional do filme Enola Holmes, da Netflix

A personagem principal, Enola Holmes, foi criada por sua mãe para ser alguém além do que era esperado para a época: uma mulher forte, intelectual e independente. Concordo com isso, mas mesmo com todo o treinamento e empenho da jovem em atingir esse nível de grandiosidade, senti uma estranheza com todas essas características extremamente desenvolvidas em uma adolescente tão jovem, mas comprei a personagem por ser da família Holmes, ser extraordinário corria no sangue deles. 

O Mycroft é um personagem bem caricato, tendo sua personalidade representada para ser o oposto da sua irmã, um homem com pensamentos conservadores (antiquados para hoje em dia, mas condizentes com a época), controlador e simplesmente, chato. Já o Sherlock, a estrela da família, continua com a excentricidade esperada do personagem, porém com um pouco mais de humanidade. Esse lado do personagem acabou trazendo problemas judiciais para a Netflix, para a autora Nancy Springer e para a editora do livro em que foi baseado, "Os Mistérios de Enola Holmes - O Caso do Marquês Desaparecido", pois apenas o personagem extremamente excêntrico é de domínio público e o mais conectado com as emoções, não. 

A própria Enola Holmes nos conta a sua trajetória assim como os entraves que apareceram no caminho, como a sua união com o marquês Tewksbury (Louis Partridge) que está sendo procurado por um assassino, ter que despistar o detetive que seu irmão mandou, além de decifrar as mensagens e charadas que sua mãe deixou para ela. Tudo isso a ajuda a desenvolver as características de detetive, que correm na veia dos Holmes, a possibilitando desvendar o mistério que envolve a família do marquês e a mudar a história do país de uma maneira diferente da sua mãe. Além dessa jornada de amadurecimento da personagem, temos alguns temas presentes no decorrer do longa - a ideia do lugar da mulher na sociedade, o privilégio masculino, voto para todos os homens e os movimentos das mulheres em busca de voz no sistema. 

O filme do diretor Harry Bradbeer, assim como em Fleabag (série que também dirige), usa e abusa da quebra da quarta parede, artifício usado quando o ator olha diretamente para a câmera e fala com os telespectadores, nos colocando em seus planos e consequentemente dando um ar mais cômico. Entretanto, esse recurso me incomodou e eu não sei explicar exatamente o porquê disso, talvez por eu não comprar a ideia da personagem da Millie ou por achar que algumas falas eram mais estranhas do que engraçadas. 

Como disse, o Mycroft é extremamente insuportável e acho que o papel caiu como uma luva na mão do Sam Claflin, que usou a liberdade do personagem para atingir o nível de excelência em chatice. A Helena Bonhan Carter, apesar de seus poucos momentos no filme, também ficou marcada na minha mente por sua presença de cena e falas marcantes, em contramão ao que disse no parágrafo anterior, o recurso quando aplicado com a personagem Eudoria Holmes, não me causou incomodo ou estranheza. 

Detestei eles ficarem focando no nome da personagem que ao contrário é Alone (em português, Sozinha), esfregando na nossa cara que ela foi abandonada pela mãe, ficando sozinha no mundo e também que ela traça seu próprio caminho sozinha. Apesar disso, um aspecto positivo dessa insistência é que o filme é consistente na ideia de que Enola, uma jovem independente, não precisou do irmão famoso para resolver seus problemas

Eu não tinha grande esperanças para o filme, então não tive surpresa ao resumir o filme em um simples "blé". Não é ruim, longe disso na verdade, as roupas são lindas e todos atuam bem, mas não é ótimo, posso encaixá-lo na categoria "Sessão da Tarde" e seria o lugar ideal para ele. Um filme sobre crescimento, charadas simples, suspense mínimo e enredo redondo com começo, meio e fim.
Sandy Banazequi

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Sandy Banazequi

23 anos, estudante de engenharia civil, Usain Bolt da leitura/séries e chorona que ama músicas tristes.

2 comentários

  1. Eu já amei esse filme e acho que a questão de dizer que ela era sozinha o tempo todo não era para afirmar que ela foi abandonada pela mãe, mas que ela conseguia o que quisesse sozinha, sem ter que recorrer aos irmãos o tempo todo, para ser a coadjuvante da vida deles. Pelo contrário, ela é a protagonista da própria vida e pode se virar. Como é um filme mais YA, eu tentei levar por esse lado e não vi com grandes expectativas, então gostei bastante e me surpreendeu. Concordo que daria uma bela sessão da tarde.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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    Respostas
    1. Oi, Hanna!

      Que bom que você amou! Eu vi duas vezes e não consegui ignorar as coisinhas que me incomodaram na primeira vez 😓.

      Beijos

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